O que fazemos com os que vacilam? O que fazemos com os que titubeiam? A Igreja é lugar de infalíveis? É lugar de super-heróis? Aprendamos com o filho da consolação, Barnabé, que investiu no jovem Marcos, e o resultado foi que o jovem se tornou reconhecidamente um obreiro útil (2 Tm 4:11) pelo próprio apóstolo Paulo que havia tido uma dissenção com Barnabé por causa de Marcos (At 15:36-41).
Não pensemos que na Igreja todas as coisas fluem sem tensões e dificuldades. Seus membros se desenvolvem fazendo a obra de Deus, aprendendo a crescer no conhecimento de Deus e amadurecendo nas relações uns com os outros. Marcos, de fato, é um exemplo de alguém que foi amadurecendo no processo dos relacionamentos e tornou-se útil a ponto de ter escrito o Evangelho que leva seu nome que serviu de base para os outros evangelhos sinóticos. Ele conviveu de forma muito próxima ao apóstolo Pedro e isto possibilitou um maior conhecimento da vida de Jesus escrevendo assim o evangelho.
É característica do servo de Deus ser útil, pois é vaso de honra (2 Tm 2:21). A utilidade será destaque para quem vive uma vida piedosa na fé e aliançada com a santificação. Sem dúvida, o pecado é um desvio e quem vive nEle não se apartando da iniquidade será pedra de tropeço. Aquele foi preparado por Deus para toda boa obra é conhecido pelo Senhor e apartar-se da iniquidade (2 Tm 2:19). Quem quer seguir a Jesus, nega a si mesmo e toma a sua cruz (Mt 16:24). Não é cheio de si, mas cheio do Espírito Santo. O caráter do servo de Deus precisa ser adequado a obra de Deus. Não basta ter habilidade, mas viver em santidade e assim será útil e profícuo na obra do Senhor. A adequação e conformação a vontade de Deus é obra do Espírito Santo e o crente precisa apresentar a Deus seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1 e 2) não se conformando ao mundo e sendo transformado pela vontade de Deus.
O obreiro útil também precisa conhecer a Palavra de Deus, manejá-la bem e a praticá-la como manual para sua vida e prática do ministério. Paulo afirmou que a Palavra é proveitosa para ensinar e preparar o homem de Deus para toda boa obra (II Tm 3:16 e 17). Ele ainda afirmou também que o obreiro precisa ser aprovado, não ter de que se envergonhar e manejar bem a Palavra da verdade (2 Tm 2:15). Jesus termina o seu célebre sermão do monte com a parábola das duas edificações. Uma edificação foi construída na areia, veio a tempestade e ela desabou. A outra edificação foi edificada na rocha, veio a tempestade e ela permaneceu de pé porque tinha um bom fundamento. Jesus falou que todo aquele que ouve a Palavra e a edifica constrói sua casa na rocha, pois assim estará preparado para as intempéries da vida. Assim é com o obreiro útil. Ao praticar a Palavra ele edifica a sua vida num bom fundamento, que resiste as dificuldades. Quem ouve e não pratica constrói na areia e por isto cai quando vem as tempestades existenciais (Mt 7:24-27).
É preciso sempre lembrar que o obreiro se torna útil à medida que ele convive com Senhor em comunhão, Servir é imprescindível, mas estar aos pés de Jesus aprendendo é essencial (Lc 10:38-42). Jesus chamou de melhor parte, porque se não houver relacionamento com Deus, aquele que é útil perde a utilidade. O sal se torna insípido (Mt 5:13). A luz é escondida (Mt 5:14-16). Sigamos a Jesus de perto e Ele nos fará pescadores de homens (Mt 4:19). O primeiro chamado do discípulo é estar com Jesus (Mc 3:13) e depois disto ele é enviado. Sem estar com Jesus, não sendo transformado, não seremos úteis. Poderemos até sermos usados porque Deus é Soberano, mas sem a nossa parte sendo feita.
(O autor do artigo é o Pr. Eber Jamil, dono do blog).