O cristão é considerado um cidadão de duas Pátrias: a terrena e a celestial (At 16:35-39; Fp 3:20). A Pátria terrena é transitória, porém importante, temos compromissos com as leis que regem nosso sistema político e social. Exercício do voto, o direito de ir e vir, liberdade religiosa são algumas leis que compõem direitos e deveres do cidadão terreno. A cidadania celestial é definitiva, e mais importante, tendo como referência a Bíblia Sagrada. O crente a adquire porque tornou-se filho de Deus por adoção a partir do momento que creu e recebeu Jesus como Senhor. Ao recebe-lo a pessoa adentra no reino de Deus e torna-se cidadão dele.
Quando houver choque entre as duas cidadanias, deve prevalecer a celestial. Porém, num País democrático, tal choque não acontece com frequência, como num sistema ditatorial. Sendo bons cidadãos influenciaremos e usaremos os meios estabelecidos pela Lei do País, para que o nosso País não venha contrariar os valores estabelecidos na Palavra de Deus. Jesus comparou o seu povo como sal e luz (Mt 5: 13-16) mostrando a diferença e salutar característica dos cidadãos celestiais na terra onde vivem. As principais características do sal é dar sabor e preservar o alimento, a da luz vencer a escuridão e trazer uma visão aclarada das coisas. Assim o povo de Deus dá sabor, preserva e ilumina a sociedade onde está inserido.
Uma passagem bíblica esclarecedora do tema é Mateus 22: 15-22 onde os fariseus e os herodianos se juntam para fazer perguntas capiciosas a Jesus para pegarem ele em alguma falha. Eles perguntam a Ele se era lícito pagar impostos a César. Jesus pede a eles para mostrar a moeda do tributo e pergunta a eles de quem era a efígie e a inscrição. Eles respondem que é de César e Jesus brilhantemente afirma – “dai pois a César o que é de César. E a Deus o que é de Deus”. Com esta resposta Jesus mostra como o cidadão celestial deve lidar com a cidadania terrena. O imposto de César, para Jesus era lícito, mas não se deve conferir a César o que é divino como faziam os romanos considerando-o como uma divindade. A Deus o que é de Deus. Não se pode idolatrar o estado e nem considerar o seu governante um deus.
Infelizmente, vemos muitas pessoas que afirmam servir a Deus não cumprir seus deveres como cidadão terreno e nem usam bem os direitos que possuem como tal. São infiéis, mentirosos, desleixados enquanto Jesus ensinou que a palavra do cristão deve ser sim ou não, ou seja, não mentir, ser verdadeiro em tudo o que falar e prometer (Mt 5:37). Paulo, por sua vez, alertou que o servo do Senhor não deve dever nada a ninguém, só o amor, porque amando cumprirá a lei (Rm 13:8). O cidadão do céu deve levar a cidadania terrena a sério e só não obedecer como cidadão quando ordenarem a desobediência a Deus (At 4:19 e 20). A obediência as autoridades é um dever do servo de Deus, pois elas são instituídas por Deus. Suas vidas precisam ser irrepreensíveis para que o nome de Cristo seja glorificado (1 Pe 2:11-25). O exemplo de Cristo deve ser seguido. Ele sofreu o agravo, mas não pecou, deixando para nós suas pisadas para que possamos fazer o mesmo. A palavra cristão traz a ideia da pessoa ser um pequeno Cristo. O termo foi diluído, mas devemos honrá-lo porque não há maior glória do que ser servo e seguidor de Cristo. O Espírito Santo confere virtude para que os servos do Deus sejam testemunhas de Jesus aonde que possam ir até mesmo pagando com a vida por amor a Jesus (At 1:8).
(O autor do artigo é o Pr. Eber Jamil, dono do blog).